domingo, 25 de maio de 2014

Germinar

A semente germina
Oh! delicada bailarina
Suave, se põe a encantar

Se desenrola, respira! Ahhh
Rodopia em ramos
Se faz verde, pulsa

Há vida, há cor
Nasce a mais pura poesia
 




quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

trilogia sobre minha arvore



imagem retirada do livro: "Do lápis ao pincel", de Terê Zagonel ilustrando a poesia:  Meu pé de Manga  Bourbon 



Noite de chuva!
...chuáá
Pancada na telha!
...páá
É manga!!
...amarela a esperar

Manhã de alegria
Barro pra escorregar
Amarelinha!!!
E o tombo e a mãe a gritar


***


A casa da arvore

Era de prego
Pedaço de berço, madeira
De arame

Quarto, sala e banheiro
...chuveiro!
...chuáá


***


Ali foi pra o muro não quebrar
Aqui! que é pras folhas não sujar
E!!
Apesar de torto, eu cores.
e mesmo triste, flores!

domingo, 20 de janeiro de 2013

Um jardim no fim do beco!!


De quem é a praça? De quem é a rua? O lixo? O beco mal cuidado?
Reclamo dos políticos, do vizinho, do ladrão, dos pedintes.
E quem é culpado??


...  ao tempo disponível corresponda um espaço disponível. E se a questão for colocada em termos da vida diária da maioria da população, não há como fugir do fato: o espaço para o lazer é o espaço urbano. As cidades são os grandes espaços e equipamentos de lazer.[1]

No carro, ou a pé, já não vejo as cercas elétricas a enfeiar.
Planejo um jardim, 3 por 4, graminha, pedrinha, branquinha...
Vejo o pobre mendigo, o velho muro e a murcha flor
Planejo um jardim, cacto no canto
Eu e meu jardim
Suculentas no muro

Mando!! E arrancam, aplainam, afofam
Foto: Paulo Toledo Piza/G1

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

No início tudo era desejo e... BOOM!!

Excita os sentidos, vira beijo, abraço, arrepio!! Muda o som, o tom, a cor. O Desejo!! Ambiciona por mudanças, transformações, novas formas de sentir e despertar. Uma boa dose tem alto poder combustível, uma faísca: explosão!

Armados de desejo e fogo, fizemos fumaça, tocando a terra e a moldando nas mãos, jardinagem de guerrilha!! Tentativas e erros, nossas primeiras bombas, basicamente de argila, as mais duras da história , sem grandes condições de explodir. Falhamos? Não! Nos consolamos na esperança de quem sabe estarmos conservando o DNA das sementes para um futuro bem distante, e nos inspiramos com o ocorrido, vimos que é preciso experimentar, testar, adequar, aprender. E a toda semente dar uma chance de aflorar.

Aflorar!!!... vir à superfície, emergir, torna-se visível, dar-se a conhecer, revelar, acariciar, afagar. Colorir as mãos em tons de terra, sujar os pés, deitar na grama, nos aflorou!

Partindo da busca por mudança, mudamos, nos conectamos à terra, à paz, ao silêncio, passamos a questionar o que é realmente importante e qual a velocidade em que devemos prosseguir. O desejo de ver flores, nos fez enxergar as que já existem, descobrir seus nomes, suas cores, conhecer suas sementes e germinar novas.

Sempre uma flor a florir no asfalto, vida às paisagens urbanas, desacelerar o passo e acelerar os sentidos. Ser o que queremos ter.

"É tempo de escolher o que queremos plantar,
 É tempo de plantar o que queremos colher...
 Mas sem escolher não há o que plantar,
 E sem plantar não há o que colher..."



segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

A flor amarela


No inicio não a conhecíamos pelo nome... pela cor, bela flor, porém sem nome!
Colhemos sementes, plantamos contentes... bela cor, pela flor, porém sem nome.

Procuramos, buscamos saber
Hoje podemos dizer:
Coreopsis lanceolata

De rima difícil,
Combina com rua, chuva, baldio, com cor
A flor amarela




"Apenas teu nome não basta"
Exala cores
Que fazem cócegas
No meu nariz
Se põe a girar
Fazendo-se única
Acho graça
Por um prisma te vejo
Desejo desvendar-te
conhecer tua essência
ser parte da sua aquarela

domingo, 2 de dezembro de 2012

Aflorar

Sempre atrasado, o jardim perdeu as flores e o que fiz?
Sempre atrasado!
Em tons de cinza eu pinto: as praças, as ruas, os muros e o céu.

Dar flores ao invisível, aflorar.


A Flor e a Náusea

Preso à minha classe e a algumas roupas, vou de branco pela rua cinzenta. 
Melancolias, mercadorias, espreitam-me. 
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me?

Olhos sujos no relógio da torre:
Não, o tempo não chegou de completa justiça.
O tempo é ainda de fezes, maus poemas, alucinações e espera.
O tempo pobre, o poeta pobre fundem-se no mesmo impasse.

Em vão me tento explicar, os muros são surdos.
Sob a pele das palavras há cifras e códigos.
O sol consola os doentes e não os renova.
As coisas. Que tristes são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar este tédio sobre a cidade.
Quarenta anos e nenhum problema resolvido, sequer colocado.
Nenhuma carta escrita nem recebida.
Todos os homens voltam para casa.
Estão menos livres mas levam jornais e soletram o mundo, sabendo que o perdem.

Crimes da terra, como perdoá-los?
Tomei parte em muitos, outros escondi.
Alguns achei belos, foram publicados. 
Crimes suaves, que ajudam a viver.
Ração diária de erro, distribuída em casa.
Os ferozes padeiros do mal.
Os ferozes leiteiros do mal.

Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.
Ao menino de 1918 chamavam anarquista.
Porém meu ódio é o melhor de mim.
Com ele me salvo e dou a poucos uma esperança mínima.

Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios, garanto que uma flor nasceu.

Sua cor não se percebe.
Suas pétalas não se abrem.
Seu nome não está nos livros.
É feia. Mas é realmente uma flor.

Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tarde e lentamente passo a mão nessa forma insegura.
Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.
Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.
É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.

(Carlos Drummond de Andrade)

domingo, 25 de novembro de 2012

Credo



Acreditamos no poder do belo, da poesia, das cores, dos cheiros, da gentileza. Uma flor a despertar um sorriso, enfeitar o cabelo, perfumar o caminho, mudar o humor, transformar o dia, a semana...e talvez se derramar.

Dessa busca surgiu o “Aflore”, como maior objetivo distribuir sementes de flores na forma de “bombas”, modelo desenvolvido pelo senhor Massanubo Fukuoka. O método a ser propagado é a “jardinagem de guerrilha”, prática de interferência em áreas baldias, transformando tais em jardins e hortas.

Implicitamente talvez o que esperamos é modificar o ser, jogo uma semente, colho a beleza, o toque da natureza, a percepção de que sou o meio e posso modificar, o lote, a praça, a rua, o lugar onde vivo.


Educação ambiental, despertar do pensamento, percepção do meio, transformações ou talvez somente flores! O público: todos, mas principalmente aqueles que vivem à margem, a justificativa: as crenças já citadas, o embasamento teórico: o empirismo que nos faz sorrir ao perceber um botão se abrir.